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Bem Vindo!!

Comecei este Blog com um texto que escrevi no calor de uma revolta, pois meu textos surgem assim sem planejar com espontaneidade, e isso acarreta em alguns erros de linguagem, gramática e coisas assim, mas a ideia é mostrar textos vivos. espero que todos gostem.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A dor e o prazer de ser



Logo após se deitar, varias vezes a noite, vai acordar, por você, sem titubear, vai rapidamente se levantar, correr e não caminhar, basta um barulho estranho ela escutar, em plena madrugada, ao seu lado vai estar, com carinho te confortar, o seu sono vigiar, se preciso for, no colo te colocar, e ali você, criança ou adulto, vai se encaixar, sem espaço sobrar, pois, seus braços ela há de adaptar, e se alguma dúvida pairar, de que ela ali sempre vai estar, basta você abrir os olhos e olhar, ela firme e forte estará no seu lugar.
Dormir mal, sem descanso semanal, dispor de força descomunal, faz parte de sua função atual.
Comer quando, e se puder, estar do seu lado pro que der e vier, fazer o impossível para atender o que você quer, essa é a mulher.
Te protege, mesmo quando você faz manha, da vida no seu lugar, se puder ela apanha, te defende, briga, empurra e arranha, para ela você nunca perde, sempre ganha, não importa o tamanho da sua façanha, ela sempre lhe acompanha.
Por você, nem sempre segue a razão, impulsiva segue seu coração, é movida a pura emoção, a qualquer momento lhe estende a mão, doi nela quando tem que lhe dizer um não, reconhece, tem essa noção, o faz só por precaução, possui por você uma constante preocupação, e mesmo assim, sabe que você não retribuirá tamanha atenção, a vida lhe prepara para tal lição, ela sabe que tudo isso não será em vão, o nome disso é dedicação, que o faz com afeição, do mesmo modo para você e para seu irmão.  
Ela nunca vai deixar de te amar, mesmo se você a abandonar e nunca mais a visitar, todo dia ela vai esperar, lhe ver a porta adentrar, para ela olhar, se aproximar e te agarrar, abraçar sem querer soltar, vai rir, vai chorar e só de coisas boas vai lembrar.

Você em muitos momentos pode não reconhecer, e tamanho amor acredita não merecer, se revolta, e nem sempre ao lado dela quer viver, reclama, não gosta de se submeter, para ela você nunca vai crescer, pra você é difícil de entender, como  pode compreender, alguém que tanto lhe oferece sem nada querer, e em muitas vezes, nada receber, ela consegue perceber, que você não faz por querer, afinal, ela só é uma mãe, e sabe a dor e o prazer de  ser. (skaull@gmail.com)

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Chinelo Velho (Conto)



Joaquim sempre foi um homem hiperativo, produtivo, não conseguia ficar parado.  Casado com Maria e pai de Pedro, Felipe e Mariana. Todos os três hoje estão casados com filhos e têm suas próprias vidas.
Domingo é dia de encontro em família. Joaquim e Maria esperam ansiosos a visita dos netos, contam as horas para que cheguem. Marquinhos, filho de Felipe, é o mais velho, hoje com 10 anos. Apronta como toda a criança dessa idade e acaba sendo sempre protegido pelos avós. Pedro ainda não tem filhos e Mariana tem uma filha de 1 ano chamada Regiane. Assim, acabam deixando de ir alguns finais de semana para casa de seus pais.
O Domingo corria maravilhoso com a chegada de Marquinhos, que contava a seus avós suas aventuras na escola e de como era perseguido pelos professores – Mas vó, a tia me culpa o tempo todo, a Clara derrubou a jarra de suco no Lucas e a tia me colocou de castigo – dizia o peralta Marquinho.
- Felipe, você tem que conversar com essa professora, ela não pode culpar o Marquinhos de tudo o que acontece .
- Mãe, a senhora não conhece esse pestinha! Ele não falou que ele que fez com que a Clara subisse na cadeira e equilibrasse a jarra de suco, que caiu no colega Lucas.
- Coisa de criança! Eu me lembro bem que você me deixava doida, não deixava, Joaquim?
- Deixava e ainda deixa com essa perseguição com o menino. Vem Marquinho, vamos passear com o vovô.
- Olha lá, hein, Marquinhos, seu avô já não dá conta de correr atrás de você, fique perto dele.
- Tá bom, pai.
- Não dou conta, eu dou conta até de te dar umas palmadas se continuar a me faltar com o respeito.
- Vai logo Joaquim, não vamos começar a brigar agora, eu não estou muito bem.
- Mãe, não acha melhor vocês irem para um lugar que alguém possa cuidar de vocês?
- Não, eu e seu pai damos conta de cuidar um do outro. Não quero morar em lugar estranho, cheio de gente abandonada, estou velha mas sei como e onde quero viver.
- Bom, vou indo. Posso ficar tranquilo com o Marquinhos ai?
- Até parece, claro que pode.
Felipe sai e vai encontrar seus amigos em um churrasco. Marquinhos caminha com seu avô pelo grande terreno de sua fazendinha e seu avô a passos curtos observa a alegria do menino correndo entre as árvores de frutas, diferente da vida urbana onde mora.
Na festa Felipe encontra com Mariana e Pedro, que não aceitam bem a ideia de ter deixado Marquinhos sozinho com os avós.
- Ah, eu não aguento mais aquela vida, não sei como eles conseguem viver assim. Minha filha não vai ficar com eles, eles mal dão conta de si, depois não fale que não avisei.
- É, Felipe, foi meio arriscado, o pai e a mãe não dão conta.
- O Marquinhos já é grandinho, é mais perigoso para nossos pais do que pra ele. (risos)
- Mas vamos falar sério, não é justo eles viverem naquela fazenda e aquilo lá não produzir. Se venderem e forem para um asilo, tanto eu quanto o Pedro, com nossa parte, podemos comprar uma casa boa cada um. Você que já tem Felipe, usa sua parte para outra coisa.
- Mas isso não é certo, a fazenda é deles, eles não concordariam em vender. O que acha Pedro?
- Acho que podemos ver. Vou procurar um meio legal de fazermos isso. Mariana você encontre um bom corretor e você, Felipe, encontre um lugar que eles possam gostar de ficar.
- Um asilo, você quer dizer né?
- Uma casa de repouso, que tenha enfermeiras e que pareça uma fazenda.
A conversa  ganha corpo e eles resolvem juntos cuidar da mudança na vida de seus pais.
Lá na fazenda Marquinhos se diverte com suas travessuras, atira pedra em passarinhos e destroi casinhas de João de barro, formigueiros e até cachos de marimbondos. Em um desses  acaba fazendo seu avô correr e mesmo assim ser picado por alguns marimbondos.
Chegando na casa, Marquinhos,  todo alegre e falante, conta em detalhes a aventura, enquanto sua avó cuida das feridas de seu avô, que reclama de dor e sorri ao mesmo tempo.
No final do dia Felipe chega, pega Marquinhos e mal fala com seus pais. A semana passa e no domingo seguinte chegam todos, como há muito tempo não acontecia. Joaquim e Maria ficam felizes com a presença de Felipe, Pedro e Mariana com  suas famílias. Todos se divertem com as histórias de Marquinhos sobre o último domingo na fazenda, e vendo o estado de Joaquim, que, depois de alguns dias de cama, já se recupera e também se diverte com a situação. Para ele, a alegria do neto não tem preço.
Depois do almoço, Mariana lavando a louça comenta com sua mãe sobre novos planos para eles.
- É, mãe, acho que aqui é meio perigoso pra vocês ficarem sozinhos.
- Vem morar aqui, seu marido trabalha em casa mesmo, aqui é grande e vocês nem sentirão falta da cidade pois em 20 minutos de carro vocês estão lá.
Mariana não contem o riso, e sua simpatia desmorona deixando seu modo áspero de tratar os pais retornar - Tá louca, mãe, cheio de pernilongo, cheiro de bosta de vaca, a casa cheira mofo, tem dia que o pai nem toma banho.
- Calma filha, desculpe, mas é assim que gostamos de viver, aqui, desse jeito.
- Mas não é justo, eu pagando aluguel e essa casa grande com um terreno enorme  para dois velhos sozinhos, tem que vender isso aqui.
Nesse momento a mãe começa a chorar, o silêncio toma conta do ambiente, até que  chega Pedro e interrompe. – Calma Mariana, vai pra sala. Mãe é o seguinte: a senhora e o pai não têm condições de viver aqui sozinhos e nós não conseguimos morar aqui. O Felipe está com a vida feita mas a senhora acha justo eu e a Mariana não termos condições de comprar uma casa e dar uma vida melhor para nossa família?
Nesse momento Joaquim  se levanta e interrompe a fala de Pedro – Se você trabalhasse em algo fixo e o marido da Mariana parasse de sonhar  em trabalhar em casa e arrumasse um emprego decente seria mais fácil.
- Pronto, agora nem meu marido presta...
- Seu pai não disse isso filha, vamos pensar em um jeito de ajudar vocês.
- Mas sem vender minha fazenda.
Nesse momento Felipe, que ate então estava só observando, resolve abrir o jogo.
- Pai, já foi feito, o Pedro conseguiu uma intervenção, eu e a Mariana assinamos, e como vocês dois já têm mais de 70 anos, nós passamos a cuidar de seus interesses. Nós não vamos mexer no dinheiro que o senhor e a mãe têm guardado, que junto com a aposentadoria de vocês vai dar pra viverem bem, mas a fazenda foi vendida  e dividiremos entre nós três, já que vocês não precisam do dinheiro.  Em alguns dias o novo proprietário vem aqui combinar com o senhor que dia pode mudar.
- E para onde vamos, seu pai e eu vamos para a rua? Que é isso, meu Deus?
- Não mãe, vocês vão viver muito bem nesse lugar que arrumamos e já reservamos para quando resolverem ir: Olhe o panfleto, é uma fazenda, com outras pessoas da idade de vocês, enfermeiros de plantão, atividades culturais e de lazer...
- Lazer, eu quero é viver aqui, sua mãe e eu plantamos cada uma daquelas arvores, eu levantei essa casa tem mais de 40 anos, tudo o que vocês viveram foi aqui.
- Deixa Bem, vamos fazer o que os meninos querem, estamos velhos demais para querer entender.
Todos saem, e em menos de uma semana Joaquim e Maria arrumam suas coisas e se mudam para a casa de repouso. Pedro e Mariana com sua parte da venda da fazenda  planejam melhorar a vida. Felipe, depois de visitar os pais, volta para casa cabisbaixo, pois percebeu que eles não eram mais os mesmos, Marquinhos o acompanha junto com sua esposa, que nunca concordou mas se manteve na dela, afinal era assunto do marido com os irmãos. No carro Felipe percebeu que Marquinhos olhava atento a um panfleto da casa de repouso – Por que pegou este panfleto, Marquinhos? Gostou do lugar filho?
- Não pai, mas é para guardar.
- Guardar por quê?
- Para quando eu tiver minha família, e vender sua casa eu saber onde largar o senhor e a mãe também.

Conversa dos Anjos



Aos poucos vamos nos  dando conta , onde estamos? O que aconteceu? Onde coloquei meu celular? Minha mãe deve estar preocupada, reconheço alguns amigos de faculdade, todos quietos, que paz  tem este lugar.
Ali vem um moço, sorriu para mim, que cara boa, sou bem vinda, sinto isso.
Agora sei o que aconteceu, minha nossa,  eu devia ter ficado em casa, talvez se tivesse chovido, seu uma gripe me deixasse de cama, se meu namorado desse uma crise de ciúmes, ou o carro quebrasse, seu a grana estivesse curta,  se qualquer uma dessas coisas que reclamamos todo dia quando acontecem tivesse acontecido no sábado dia 26, talvez eu não estivesse aqui.
- Olá, posso me sentar?
- Claro que pode, não sei o que fazer.
- Você saberá, estou aqui para te ajudar,  aqui o tempo é seu amigo, não se preocupe com o que aconteceu, você está bem.
-  mas tenho que tranquilizar minha mãe, meu pai, meus irmãos,. Sei que é difícil, eu parti sem avisar. Sinto falta daquele abraço que faltou dar em meu pai, de ouvir as recomendações de minha mãe, mandar uma mensagem e postar uma foto no Facebook dando tchau e marcando meus amigos, domingo não estarei comendo com minha avó, ela vai colocar meu prato do jeito que eu gosto, e, eu não vou estar lá para comer. Como vai ser?
- é, é difícil, mais difícil pra quem ficou do quem para quem partiu, com o tempo as feridas vão cicatrizar, pode demorar, mas acontece, mesmo que de uma maneira tão trágica e dolorosa como foi com você e seus amigos,  e que, acredite, poderia ser evitada, até assim, cicatrizam, umas vão ser mais rápidas, outras tão demoradas que parecerão nunca fechar.
- eu tinha tanta coisa para fazer ainda.
-todos temos, todos tínhamos, todos teremos, de uma forma diferente, mas teremos.
- até das provas difíceis, da raiva de faltar dinheiro e não conseguir comprar a roupa que eu quero, do beijo apertado daquele tio que me faz pagar mico, vou sentir falta.
- mas você se acostuma, uma hora todos perceberão que você esta bem.
-como? Eu não consigo falar com eles. Eu queria dizer eu estou bem, que não tenho frio, nem fome, me sinto querido por todos aqui, que não quero ver eles sofrendo lá.
-eles sabem, de alguma forma eles sabem que você está bem, alguns até poderão afirmar que você está bem melhor aqui.
- será?
- aqui não temos inveja, não somos ambiciosos, nem gananciosos, respeitamos o espaço um do outro, ouvimos mais do que falamos, ajudamos sempre que temos a oportunidade, e somos alimentados de  amor, de carinho, compreensão e companheirismo.Somos todos iguais, sem distinção nem valores diferentes.
- não sei se eu conseguirei, nem sei mais o que sou, o que serei de hoje em diante?
- Um anjo, Serás como eu, um anjo.

domingo, 10 de julho de 2011

A Tag no Lugar que Pulsa (conto)


A faculdade é como um grito de liberdade, alunos chegam a seu primeiro período de aulas se sentindo como um pássaro que fugiu da gaiola, a sensação de liberdade, de expressar sua opinião, de poder entrar e sair da sala sem advertência corrente do segundo grau, faz com que novos ares, costumes e comportamentos aflorem.  Karen não do foge deste padrão, hoje em eu terceiro período de medicina se sente como uma quase veterana, se enturma com o grupo mais destacado do campus e com eles promovem festas eventos e trotes, um ar de liderança que este grupo transpira.
Este grupo não é só formado por pseudos líderes, é formado principalmente por pessoas de condições financeiras privilegiadas, filhos de grandes empresários, políticos e fazendeiros, o grupo se denomina Os Kolons (do inglês Colon que significa “dois pontos”, uma referencia a um milhão que é o primeiro numero a ter dois pontos, e só entra nele aquele q possui uma conta ou herança superior) neste grupo não há um só descendente do proletariado, existe sim um certo bloqueio para com os poucos estudantes que provem da classe trabalhadora, estes ficam a mercê das provocações e trotes frequentes criados por este grupo dominante. O líder deste grupo se chama Robin, filho de José Carlos um dos maiores mineradores do Brasil. Robin possui um perfil genético que atrai as mulheres, loiro, olhos azuis, porte atlético, sem contar que só anda de carro importado e não passa dois anos com o mesmo, esta no sétimo período de medicina. Com essas características faz o maior sucesso dentre as meninas da faculdade e como todo jovem tendo a puberdade aflorada se aproveita muito bem dessa vantagem.
Karen não é diferente da maioria das moças, é apaixonada pelo Robin e sempre que pode em alguma festa ou outra oportunidade, se entrega de corpo e alma a ele, esperando que um dia ele seja só dela. Robin, no entanto só a procura quando não consegue as melhores garotas, já que Karen é bonita, porém um pouco acima do peso baseando-se no perfil que a sociedade impõe.
As aulas começaram mais uma vez e o novo semestre trouxe novos alunos, o grupo dos kolons começam a receber os novos estudantes como de costume, com trotes onde cortam o cabelo dos meninos, embebedam as meninas e organizam uma festa em um sitio ou chácara com o dinheiro arrecadado pelos calouros nos pedágios feitos em faróis e semáforos pela cidade, nesta festa as meninas do Kolons procuram minimizar e humilhar as moças que apresentam alguma característica que possa atrair seus companheiros e assim fazer concorrência, e os rapazes fazem o mesmo, mostrando desde o início quem é que manda na faculdade, e que quem quiser viver em paz ali, tem que seguir algumas normas e conhecer alguns limites. No meio dos novos estudantes se encontra Antônio, um novo estudante de Medicina que mora sozinho com a mãe e batalhou por três anos ate conseguir passar no vestibular, sem ter condições de pagar um cursinho ou faculdade particular, ele trabalhava de dia e com a ajuda da mãe que é costureira, comprava livros de segunda mão e estudava até tarde da noite inclusive nos finais de semana. Antônio não fazia de durão, sabia aceitar as brincadeiras, mesmo as mais humilhantes e depreciativas, pois terminar esta faculdade era a chance que tinha de dar uma vida melhor a sua mãe. No dia trote conheceu Karen, aquela moça com o olhar diferente, porem conheceu também o seu mais abusado companheiro de curso e líder, o Robin que fez questão de cortar os cabelos de Antônio e cuidar para que ele faça as mais difíceis tarefas dos trotes.
Os trotes acaram e as aulas começaram, Antônio encontrava e esbarrava sempre com aquela moça que chamou sua atenção e notava o quanto ela era exposta, Robin a tratava como um cachorrinho, a fazia sentar no seu colo, humilhava ela com suas brincadeiras dizendo que ela o machucava com seu peso, que precisava fazer um regime imediato, Karen, no entanto levava na brincadeira, pois não ia abrir mão da atenção de Robin por nada neste mundo, mesmo que esta atenção seja desta forma.
Antônio já não era percebido por Karen nem mesmo pelo Robin a não ser por uma piada ou provocação que Robin fazia diante da diferença social que ambos viviam. Algumas amigas de Karen a questionavam e cobravam o porquê de aceitar tanta humilhação e se rastejar pelo Robin, que nunca havia convidado ela para algum programa tipo cinema, show, teatro entre outros, que não fosse todo mundo da turma. Robin fazia tais programas, mas com garotas tidas como as TOPs, que seguiam o padrão social de beleza imposta, magras, bonitas e ricas. Karen se sentia sempre inferior em seu quarto, chorava só, mas era só Robin precisar de algum trabalho ou pesquisa que ele se lembrava dela e ela o fazia com o maior carinho. Ele sabendo disso se aproveitava e uma vez ou outra ficava com ela no quarto dela, mas sempre no dia seguinte a tratava como se não fosse nada.
 Certo dia na biblioteca do campus, enquanto Karen fazia um dos trabalhos para Robin que havia ido a uma festa com uma de suas preferidas, Antônio chegou e se ofereceu para ajudar Karen, Karen de inicio deu uma torcida no nariz, mas como o trabalho estava complicado aceitou a oferta do gentil colega, os dois discutiram muitas coisas e Karen ficou surpresa do calouro possuir tanto conhecimento e facilidade em pesquisar, porém, ficava inquieta, pois seria complicado seus amigos a verem com alguém que não possuía condições para sequer chegar perto do nível dos Kolons.  
Terminado o trabalho Antônio quis puxar uma conversa a mais e Karen foi curta e grossa - Olha garoto, não é porque você me ajudou que eu devo nada pra você, você se ofereceu, agora tenho que ir – Antônio em sua simplicidade, ficou quieto e não protelou, se retirou e apesar da ofensa não guardou rancor de Karen, afinal ele reconhecia que ela não devia nada a ele, foi ele que se ofereceu.
Robin ficou contente, pois seu trabalho tirou nota alta e Karen nem ficou sabendo que estava ao lado de Cláudia uma das mulheres mais bonitas e cobiçadas da faculdade, porém, nem mesmo suas colegas suportavam tanta soberba que ela fazia questão de apresentar.
Tudo corria bem, durante meses Antônio consegui passar algum tempo com Karen ajudando-a com os trabalhos e Karen na doce ilusão de estar agradando Robin, fazia cada vez mais trabalhos e pesquisas para ele, afinal, agora tinha um ajudante competente e ficava mais fácil. Porém, certo dia chega a noticia de que o pai de Karen havia sido preso por desvio de dinheiro e evasão de divisas, crimes considerados do colarinho branco e todos os bens foram apreendidos, fazendo com que Karen perdesse ate seu carro. Foi como um tapa na cara duplo, além de perder suas regalias, luxo e privilégios, viu seu grupo de amigos dar as contas, chegando à faculdade foi sentar a mesa de Robin e companheiros, Robin olhou e não perdeu a oportunidade – O que você esta fazendo aqui, sua turma agora é do proletariado, vai trabalhar, acho que tem uma vaga na cozinha da cantina – todos riram e ela saiu chorando. Antônio não se conteve e passou perto de Robin olhou feio e não segurou as palavras – você deveria ter um pouco de respeito com as pessoas, você vai ter que lidar com pessoas, afinal, você vai ser médico – Robin deu risada e respondeu de pronto – olha só o filho da costureira, esta atrevido, agora só para sua informação eu serei cirurgião plástico, não vou ser como você que vai trabalhar em hospital publico, com aquela gente nojenta, e sai daqui que sua turma é outra.
Antônio foi atrás de Karen que sentou embaixo de uma árvore e chorava como criança, chegando lá, sua recepção não foi diferente a dada pelo Robin, Karen o expulsou e saiu de perto.
Karen ficou mais de uma semana sem aparecer na faculdade, mas, acabou aparecendo e todas as vezes era vista sozinha, isolada, e triste. Antônio não se segurou e foi procura-la, desta vez ela não o expulsou, apenas, ficou quieta.  Com o passar dos dias ela foi se permitindo ficar na companhia daquele que lhe parecia o único amigo naquele mar de estudantes. Antônio começou a mostrar seu mundo a Karen, foram andar pelo campus, pelas praças da cidade, sentaram abeira de um lago e comeram cachorro quente, coisa que Karen nunca nem pensara em fazer, foram ao centro cultural assistir a um filme, deram risadas juntos e parecia que ela voltava a sorrir. Em um dia de aula comum, Robin se aproximou, não havia ninguém por perto só Karen, Antônio e Robin, e todo carinhoso pediu para falar com Karen, Antônio retrucou – sai fora cara quer humilhar ainda mais ela – Robin riu – você tem um advogado agora Karen, quero falar com você a sós, poso – Karen pediu que Antônio os deixasse e Antônio a contra gosto se retirou, Karen e Robin conversaram, ele pediu que ela fizesse uma pesquisa para ele e ela não hesitou, fez a pesquisa sem contar com a ajuda do seu companheiro de estudos Antônio, e foi toda contente entregar a Robin, Robin recebeu, e saiu Karen a questionou – você não vai nem agradecer?- Robin com um ar de desprezo a olhou de cima a embaixo – o quê? Você não acha que vou para cama com você, acha? Olha pra você sua leitoa, eu antes suportava, pois você pelo menos tinha nível, hoje tenho nojo de você, se você fosse pelo menos bonitinha, eu te convidaria a noite sem ninguém ver a ir ao meu quarto, mas te enxerga – e saiu, deixando Karen humilhada.
Não foi por falta de aviso da parte de Antônio que Karen não sabia que aquilo poderia acontecer, porém Karen pareceu ter aprendido e se afastou de vez de Robin, aos poucos voltou a se divertir no mundo de Antônio, foram a uma festa da igreja, brincaram no parque tentando ganhar um brinquedo nas argolas, tiro ao alvo e pescaria, Antônio ganhou um ursinho pequeno e deu para Karen que aceitou e agradeceu com um beijo, o primeiro beijo deles.
Antônio estava no céu, falou com a mãe que estava feliz e que depois do feriado ia ver sua amada que havia ido viajar com seus pais, parecia que as coisas iam melhorando para o lado do pai de Karen.
Na segunda feira Antônio procurou Karen pela faculdade e não a encontrou, tentou ligar e ela não atendeu ao celular, voltou pra casa preocupado.  No dia seguinte logo pela manhã chegando à faculdade esbarrou com algumas pessoas do kolons que riam dele e ele não sabia o porquê, mais a frente viu Karen e Robin aos risos com parte da turma sentados no lugar de costume, se aproximou e se dirigiu a Karen – oque houve? Te liguei, te procurei, te acho aqui com esse cara – Karen olhou com desprezo e respondeu – você não acha que tinha algum futuro comigo? Sua turma é outra, a minha é essa aqui, sai fora – Antônio não entendeu, mas se retirou, poucos dias depois havia descoberto que o pai de Karen tinha recuperado sua fortuna e sua vida, e Karen havia passado o feriado com os amigos do Kolons na casa de Robin. Antônio enfim percebeu que nem todo respeita os sentimentos, nem todo mundo se valoriza como ser humano, coloca os interesses financeiros, acima das pessoas, valorizam marcas e posição social mais do que companheirismo e sentimento, nem todo mundo tem coração, tem uma tag no lugar que pulsa.