PAGINAS

Bem Vindo!!

Comecei este Blog com um texto que escrevi no calor de uma revolta, pois meu textos surgem assim sem planejar com espontaneidade, e isso acarreta em alguns erros de linguagem, gramática e coisas assim, mas a ideia é mostrar textos vivos. espero que todos gostem.

domingo, 10 de julho de 2011

A Tag no Lugar que Pulsa (conto)


A faculdade é como um grito de liberdade, alunos chegam a seu primeiro período de aulas se sentindo como um pássaro que fugiu da gaiola, a sensação de liberdade, de expressar sua opinião, de poder entrar e sair da sala sem advertência corrente do segundo grau, faz com que novos ares, costumes e comportamentos aflorem.  Karen não do foge deste padrão, hoje em eu terceiro período de medicina se sente como uma quase veterana, se enturma com o grupo mais destacado do campus e com eles promovem festas eventos e trotes, um ar de liderança que este grupo transpira.
Este grupo não é só formado por pseudos líderes, é formado principalmente por pessoas de condições financeiras privilegiadas, filhos de grandes empresários, políticos e fazendeiros, o grupo se denomina Os Kolons (do inglês Colon que significa “dois pontos”, uma referencia a um milhão que é o primeiro numero a ter dois pontos, e só entra nele aquele q possui uma conta ou herança superior) neste grupo não há um só descendente do proletariado, existe sim um certo bloqueio para com os poucos estudantes que provem da classe trabalhadora, estes ficam a mercê das provocações e trotes frequentes criados por este grupo dominante. O líder deste grupo se chama Robin, filho de José Carlos um dos maiores mineradores do Brasil. Robin possui um perfil genético que atrai as mulheres, loiro, olhos azuis, porte atlético, sem contar que só anda de carro importado e não passa dois anos com o mesmo, esta no sétimo período de medicina. Com essas características faz o maior sucesso dentre as meninas da faculdade e como todo jovem tendo a puberdade aflorada se aproveita muito bem dessa vantagem.
Karen não é diferente da maioria das moças, é apaixonada pelo Robin e sempre que pode em alguma festa ou outra oportunidade, se entrega de corpo e alma a ele, esperando que um dia ele seja só dela. Robin, no entanto só a procura quando não consegue as melhores garotas, já que Karen é bonita, porém um pouco acima do peso baseando-se no perfil que a sociedade impõe.
As aulas começaram mais uma vez e o novo semestre trouxe novos alunos, o grupo dos kolons começam a receber os novos estudantes como de costume, com trotes onde cortam o cabelo dos meninos, embebedam as meninas e organizam uma festa em um sitio ou chácara com o dinheiro arrecadado pelos calouros nos pedágios feitos em faróis e semáforos pela cidade, nesta festa as meninas do Kolons procuram minimizar e humilhar as moças que apresentam alguma característica que possa atrair seus companheiros e assim fazer concorrência, e os rapazes fazem o mesmo, mostrando desde o início quem é que manda na faculdade, e que quem quiser viver em paz ali, tem que seguir algumas normas e conhecer alguns limites. No meio dos novos estudantes se encontra Antônio, um novo estudante de Medicina que mora sozinho com a mãe e batalhou por três anos ate conseguir passar no vestibular, sem ter condições de pagar um cursinho ou faculdade particular, ele trabalhava de dia e com a ajuda da mãe que é costureira, comprava livros de segunda mão e estudava até tarde da noite inclusive nos finais de semana. Antônio não fazia de durão, sabia aceitar as brincadeiras, mesmo as mais humilhantes e depreciativas, pois terminar esta faculdade era a chance que tinha de dar uma vida melhor a sua mãe. No dia trote conheceu Karen, aquela moça com o olhar diferente, porem conheceu também o seu mais abusado companheiro de curso e líder, o Robin que fez questão de cortar os cabelos de Antônio e cuidar para que ele faça as mais difíceis tarefas dos trotes.
Os trotes acaram e as aulas começaram, Antônio encontrava e esbarrava sempre com aquela moça que chamou sua atenção e notava o quanto ela era exposta, Robin a tratava como um cachorrinho, a fazia sentar no seu colo, humilhava ela com suas brincadeiras dizendo que ela o machucava com seu peso, que precisava fazer um regime imediato, Karen, no entanto levava na brincadeira, pois não ia abrir mão da atenção de Robin por nada neste mundo, mesmo que esta atenção seja desta forma.
Antônio já não era percebido por Karen nem mesmo pelo Robin a não ser por uma piada ou provocação que Robin fazia diante da diferença social que ambos viviam. Algumas amigas de Karen a questionavam e cobravam o porquê de aceitar tanta humilhação e se rastejar pelo Robin, que nunca havia convidado ela para algum programa tipo cinema, show, teatro entre outros, que não fosse todo mundo da turma. Robin fazia tais programas, mas com garotas tidas como as TOPs, que seguiam o padrão social de beleza imposta, magras, bonitas e ricas. Karen se sentia sempre inferior em seu quarto, chorava só, mas era só Robin precisar de algum trabalho ou pesquisa que ele se lembrava dela e ela o fazia com o maior carinho. Ele sabendo disso se aproveitava e uma vez ou outra ficava com ela no quarto dela, mas sempre no dia seguinte a tratava como se não fosse nada.
 Certo dia na biblioteca do campus, enquanto Karen fazia um dos trabalhos para Robin que havia ido a uma festa com uma de suas preferidas, Antônio chegou e se ofereceu para ajudar Karen, Karen de inicio deu uma torcida no nariz, mas como o trabalho estava complicado aceitou a oferta do gentil colega, os dois discutiram muitas coisas e Karen ficou surpresa do calouro possuir tanto conhecimento e facilidade em pesquisar, porém, ficava inquieta, pois seria complicado seus amigos a verem com alguém que não possuía condições para sequer chegar perto do nível dos Kolons.  
Terminado o trabalho Antônio quis puxar uma conversa a mais e Karen foi curta e grossa - Olha garoto, não é porque você me ajudou que eu devo nada pra você, você se ofereceu, agora tenho que ir – Antônio em sua simplicidade, ficou quieto e não protelou, se retirou e apesar da ofensa não guardou rancor de Karen, afinal ele reconhecia que ela não devia nada a ele, foi ele que se ofereceu.
Robin ficou contente, pois seu trabalho tirou nota alta e Karen nem ficou sabendo que estava ao lado de Cláudia uma das mulheres mais bonitas e cobiçadas da faculdade, porém, nem mesmo suas colegas suportavam tanta soberba que ela fazia questão de apresentar.
Tudo corria bem, durante meses Antônio consegui passar algum tempo com Karen ajudando-a com os trabalhos e Karen na doce ilusão de estar agradando Robin, fazia cada vez mais trabalhos e pesquisas para ele, afinal, agora tinha um ajudante competente e ficava mais fácil. Porém, certo dia chega a noticia de que o pai de Karen havia sido preso por desvio de dinheiro e evasão de divisas, crimes considerados do colarinho branco e todos os bens foram apreendidos, fazendo com que Karen perdesse ate seu carro. Foi como um tapa na cara duplo, além de perder suas regalias, luxo e privilégios, viu seu grupo de amigos dar as contas, chegando à faculdade foi sentar a mesa de Robin e companheiros, Robin olhou e não perdeu a oportunidade – O que você esta fazendo aqui, sua turma agora é do proletariado, vai trabalhar, acho que tem uma vaga na cozinha da cantina – todos riram e ela saiu chorando. Antônio não se conteve e passou perto de Robin olhou feio e não segurou as palavras – você deveria ter um pouco de respeito com as pessoas, você vai ter que lidar com pessoas, afinal, você vai ser médico – Robin deu risada e respondeu de pronto – olha só o filho da costureira, esta atrevido, agora só para sua informação eu serei cirurgião plástico, não vou ser como você que vai trabalhar em hospital publico, com aquela gente nojenta, e sai daqui que sua turma é outra.
Antônio foi atrás de Karen que sentou embaixo de uma árvore e chorava como criança, chegando lá, sua recepção não foi diferente a dada pelo Robin, Karen o expulsou e saiu de perto.
Karen ficou mais de uma semana sem aparecer na faculdade, mas, acabou aparecendo e todas as vezes era vista sozinha, isolada, e triste. Antônio não se segurou e foi procura-la, desta vez ela não o expulsou, apenas, ficou quieta.  Com o passar dos dias ela foi se permitindo ficar na companhia daquele que lhe parecia o único amigo naquele mar de estudantes. Antônio começou a mostrar seu mundo a Karen, foram andar pelo campus, pelas praças da cidade, sentaram abeira de um lago e comeram cachorro quente, coisa que Karen nunca nem pensara em fazer, foram ao centro cultural assistir a um filme, deram risadas juntos e parecia que ela voltava a sorrir. Em um dia de aula comum, Robin se aproximou, não havia ninguém por perto só Karen, Antônio e Robin, e todo carinhoso pediu para falar com Karen, Antônio retrucou – sai fora cara quer humilhar ainda mais ela – Robin riu – você tem um advogado agora Karen, quero falar com você a sós, poso – Karen pediu que Antônio os deixasse e Antônio a contra gosto se retirou, Karen e Robin conversaram, ele pediu que ela fizesse uma pesquisa para ele e ela não hesitou, fez a pesquisa sem contar com a ajuda do seu companheiro de estudos Antônio, e foi toda contente entregar a Robin, Robin recebeu, e saiu Karen a questionou – você não vai nem agradecer?- Robin com um ar de desprezo a olhou de cima a embaixo – o quê? Você não acha que vou para cama com você, acha? Olha pra você sua leitoa, eu antes suportava, pois você pelo menos tinha nível, hoje tenho nojo de você, se você fosse pelo menos bonitinha, eu te convidaria a noite sem ninguém ver a ir ao meu quarto, mas te enxerga – e saiu, deixando Karen humilhada.
Não foi por falta de aviso da parte de Antônio que Karen não sabia que aquilo poderia acontecer, porém Karen pareceu ter aprendido e se afastou de vez de Robin, aos poucos voltou a se divertir no mundo de Antônio, foram a uma festa da igreja, brincaram no parque tentando ganhar um brinquedo nas argolas, tiro ao alvo e pescaria, Antônio ganhou um ursinho pequeno e deu para Karen que aceitou e agradeceu com um beijo, o primeiro beijo deles.
Antônio estava no céu, falou com a mãe que estava feliz e que depois do feriado ia ver sua amada que havia ido viajar com seus pais, parecia que as coisas iam melhorando para o lado do pai de Karen.
Na segunda feira Antônio procurou Karen pela faculdade e não a encontrou, tentou ligar e ela não atendeu ao celular, voltou pra casa preocupado.  No dia seguinte logo pela manhã chegando à faculdade esbarrou com algumas pessoas do kolons que riam dele e ele não sabia o porquê, mais a frente viu Karen e Robin aos risos com parte da turma sentados no lugar de costume, se aproximou e se dirigiu a Karen – oque houve? Te liguei, te procurei, te acho aqui com esse cara – Karen olhou com desprezo e respondeu – você não acha que tinha algum futuro comigo? Sua turma é outra, a minha é essa aqui, sai fora – Antônio não entendeu, mas se retirou, poucos dias depois havia descoberto que o pai de Karen tinha recuperado sua fortuna e sua vida, e Karen havia passado o feriado com os amigos do Kolons na casa de Robin. Antônio enfim percebeu que nem todo respeita os sentimentos, nem todo mundo se valoriza como ser humano, coloca os interesses financeiros, acima das pessoas, valorizam marcas e posição social mais do que companheirismo e sentimento, nem todo mundo tem coração, tem uma tag no lugar que pulsa.


3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Nascemos e somos apresentados a um mundo criado,
    Pintado, regrado, supervalorizado.

    Nascemos afamados ou desgraçados,
    Nascemos fadados!
    Nosso Ser é moldado e/ou mutilado
    E assim reproduzimos nossas diferenças e indiferenças.

    Criando mundos dentro do mundo.
    Alguns intransponíveis.
    Submundos, que dividem as fronteiras de nosso país, estado, cidade, bairro, rua, comunidade, escola, as fronteiras do nosso Ser!

    Nascemos fadados!
    Mas somos seres pensantes e como tal podemos nos reinventar,
    Romper as barreiras do ser moldado estereotipado.
    Temos que despertar, adentrar os submundos do nosso Ser.

    Trata-se de uma redescoberta,
    onde nos descobriremos!
    E descobriremos no dito submundo, seres humanos magníficos.

    ResponderExcluir