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Bem Vindo!!

Comecei este Blog com um texto que escrevi no calor de uma revolta, pois meu textos surgem assim sem planejar com espontaneidade, e isso acarreta em alguns erros de linguagem, gramática e coisas assim, mas a ideia é mostrar textos vivos. espero que todos gostem.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Chinelo Velho (Conto)



Joaquim sempre foi um homem hiperativo, produtivo, não conseguia ficar parado.  Casado com Maria e pai de Pedro, Felipe e Mariana. Todos os três hoje estão casados com filhos e têm suas próprias vidas.
Domingo é dia de encontro em família. Joaquim e Maria esperam ansiosos a visita dos netos, contam as horas para que cheguem. Marquinhos, filho de Felipe, é o mais velho, hoje com 10 anos. Apronta como toda a criança dessa idade e acaba sendo sempre protegido pelos avós. Pedro ainda não tem filhos e Mariana tem uma filha de 1 ano chamada Regiane. Assim, acabam deixando de ir alguns finais de semana para casa de seus pais.
O Domingo corria maravilhoso com a chegada de Marquinhos, que contava a seus avós suas aventuras na escola e de como era perseguido pelos professores – Mas vó, a tia me culpa o tempo todo, a Clara derrubou a jarra de suco no Lucas e a tia me colocou de castigo – dizia o peralta Marquinho.
- Felipe, você tem que conversar com essa professora, ela não pode culpar o Marquinhos de tudo o que acontece .
- Mãe, a senhora não conhece esse pestinha! Ele não falou que ele que fez com que a Clara subisse na cadeira e equilibrasse a jarra de suco, que caiu no colega Lucas.
- Coisa de criança! Eu me lembro bem que você me deixava doida, não deixava, Joaquim?
- Deixava e ainda deixa com essa perseguição com o menino. Vem Marquinho, vamos passear com o vovô.
- Olha lá, hein, Marquinhos, seu avô já não dá conta de correr atrás de você, fique perto dele.
- Tá bom, pai.
- Não dou conta, eu dou conta até de te dar umas palmadas se continuar a me faltar com o respeito.
- Vai logo Joaquim, não vamos começar a brigar agora, eu não estou muito bem.
- Mãe, não acha melhor vocês irem para um lugar que alguém possa cuidar de vocês?
- Não, eu e seu pai damos conta de cuidar um do outro. Não quero morar em lugar estranho, cheio de gente abandonada, estou velha mas sei como e onde quero viver.
- Bom, vou indo. Posso ficar tranquilo com o Marquinhos ai?
- Até parece, claro que pode.
Felipe sai e vai encontrar seus amigos em um churrasco. Marquinhos caminha com seu avô pelo grande terreno de sua fazendinha e seu avô a passos curtos observa a alegria do menino correndo entre as árvores de frutas, diferente da vida urbana onde mora.
Na festa Felipe encontra com Mariana e Pedro, que não aceitam bem a ideia de ter deixado Marquinhos sozinho com os avós.
- Ah, eu não aguento mais aquela vida, não sei como eles conseguem viver assim. Minha filha não vai ficar com eles, eles mal dão conta de si, depois não fale que não avisei.
- É, Felipe, foi meio arriscado, o pai e a mãe não dão conta.
- O Marquinhos já é grandinho, é mais perigoso para nossos pais do que pra ele. (risos)
- Mas vamos falar sério, não é justo eles viverem naquela fazenda e aquilo lá não produzir. Se venderem e forem para um asilo, tanto eu quanto o Pedro, com nossa parte, podemos comprar uma casa boa cada um. Você que já tem Felipe, usa sua parte para outra coisa.
- Mas isso não é certo, a fazenda é deles, eles não concordariam em vender. O que acha Pedro?
- Acho que podemos ver. Vou procurar um meio legal de fazermos isso. Mariana você encontre um bom corretor e você, Felipe, encontre um lugar que eles possam gostar de ficar.
- Um asilo, você quer dizer né?
- Uma casa de repouso, que tenha enfermeiras e que pareça uma fazenda.
A conversa  ganha corpo e eles resolvem juntos cuidar da mudança na vida de seus pais.
Lá na fazenda Marquinhos se diverte com suas travessuras, atira pedra em passarinhos e destroi casinhas de João de barro, formigueiros e até cachos de marimbondos. Em um desses  acaba fazendo seu avô correr e mesmo assim ser picado por alguns marimbondos.
Chegando na casa, Marquinhos,  todo alegre e falante, conta em detalhes a aventura, enquanto sua avó cuida das feridas de seu avô, que reclama de dor e sorri ao mesmo tempo.
No final do dia Felipe chega, pega Marquinhos e mal fala com seus pais. A semana passa e no domingo seguinte chegam todos, como há muito tempo não acontecia. Joaquim e Maria ficam felizes com a presença de Felipe, Pedro e Mariana com  suas famílias. Todos se divertem com as histórias de Marquinhos sobre o último domingo na fazenda, e vendo o estado de Joaquim, que, depois de alguns dias de cama, já se recupera e também se diverte com a situação. Para ele, a alegria do neto não tem preço.
Depois do almoço, Mariana lavando a louça comenta com sua mãe sobre novos planos para eles.
- É, mãe, acho que aqui é meio perigoso pra vocês ficarem sozinhos.
- Vem morar aqui, seu marido trabalha em casa mesmo, aqui é grande e vocês nem sentirão falta da cidade pois em 20 minutos de carro vocês estão lá.
Mariana não contem o riso, e sua simpatia desmorona deixando seu modo áspero de tratar os pais retornar - Tá louca, mãe, cheio de pernilongo, cheiro de bosta de vaca, a casa cheira mofo, tem dia que o pai nem toma banho.
- Calma filha, desculpe, mas é assim que gostamos de viver, aqui, desse jeito.
- Mas não é justo, eu pagando aluguel e essa casa grande com um terreno enorme  para dois velhos sozinhos, tem que vender isso aqui.
Nesse momento a mãe começa a chorar, o silêncio toma conta do ambiente, até que  chega Pedro e interrompe. – Calma Mariana, vai pra sala. Mãe é o seguinte: a senhora e o pai não têm condições de viver aqui sozinhos e nós não conseguimos morar aqui. O Felipe está com a vida feita mas a senhora acha justo eu e a Mariana não termos condições de comprar uma casa e dar uma vida melhor para nossa família?
Nesse momento Joaquim  se levanta e interrompe a fala de Pedro – Se você trabalhasse em algo fixo e o marido da Mariana parasse de sonhar  em trabalhar em casa e arrumasse um emprego decente seria mais fácil.
- Pronto, agora nem meu marido presta...
- Seu pai não disse isso filha, vamos pensar em um jeito de ajudar vocês.
- Mas sem vender minha fazenda.
Nesse momento Felipe, que ate então estava só observando, resolve abrir o jogo.
- Pai, já foi feito, o Pedro conseguiu uma intervenção, eu e a Mariana assinamos, e como vocês dois já têm mais de 70 anos, nós passamos a cuidar de seus interesses. Nós não vamos mexer no dinheiro que o senhor e a mãe têm guardado, que junto com a aposentadoria de vocês vai dar pra viverem bem, mas a fazenda foi vendida  e dividiremos entre nós três, já que vocês não precisam do dinheiro.  Em alguns dias o novo proprietário vem aqui combinar com o senhor que dia pode mudar.
- E para onde vamos, seu pai e eu vamos para a rua? Que é isso, meu Deus?
- Não mãe, vocês vão viver muito bem nesse lugar que arrumamos e já reservamos para quando resolverem ir: Olhe o panfleto, é uma fazenda, com outras pessoas da idade de vocês, enfermeiros de plantão, atividades culturais e de lazer...
- Lazer, eu quero é viver aqui, sua mãe e eu plantamos cada uma daquelas arvores, eu levantei essa casa tem mais de 40 anos, tudo o que vocês viveram foi aqui.
- Deixa Bem, vamos fazer o que os meninos querem, estamos velhos demais para querer entender.
Todos saem, e em menos de uma semana Joaquim e Maria arrumam suas coisas e se mudam para a casa de repouso. Pedro e Mariana com sua parte da venda da fazenda  planejam melhorar a vida. Felipe, depois de visitar os pais, volta para casa cabisbaixo, pois percebeu que eles não eram mais os mesmos, Marquinhos o acompanha junto com sua esposa, que nunca concordou mas se manteve na dela, afinal era assunto do marido com os irmãos. No carro Felipe percebeu que Marquinhos olhava atento a um panfleto da casa de repouso – Por que pegou este panfleto, Marquinhos? Gostou do lugar filho?
- Não pai, mas é para guardar.
- Guardar por quê?
- Para quando eu tiver minha família, e vender sua casa eu saber onde largar o senhor e a mãe também.

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